Representantes de diferentes tradições religiosas se reuniram no Dia de Combate à Intolerância Religiosa em Santa Maria

Rebeca Kroll

Representantes de diferentes tradições religiosas se reuniram no Dia de Combate à Intolerância Religiosa em Santa Maria
Foto: Divulgação

No Dia de Combate à Intolerância Religiosa, 21 de janeiro, cerca de 30 pessoas de diferentes tradições religiosas se reuniram em Santa Maria. O encontro ocorreu na Catedral do Mediador da Igreja Episcopal Anglicana para celebrar a diversidade da fé e a passagem dos dez anos da tragédia da Kiss.

Esta foi a segunda edição da reunião, a primeira foi feita em 2020, mas devido a pandemia da Covid-19 o encontro foi suspenso. Estiveram presentes diferentes líderes religiosos do catolicismo, do espiritismo e da Umbanda. Além de vereadores, o Comitê de Igualdade Racial de Santa Maria, o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (COMPIR) e outras entidades.

O bispo da Catedral do Mediador, Francisco Silva avalia que o encontro foi muito bom e que foi um momento de partilha. Ele comenta que a representatividade religiosa só não foi mais ampla devido a dificuldade de encontrar líderes e para o próximo encontro vão buscar incluir representantes de religiões de matriz indígena e oriental.

–  A intolerância religiosa precisa ser superada, visto que ela também traz o racismo de fundo religioso, principalmente com as tradições de matriz africana. Isto é fruto do desconhecimento da diferença e do preconceito com as religiões não dominantes. Vamos dar seguimento as reuniões para propormos ações, campanhas e caminhos que transforme Santa Maria em uma cidade segura para distintas expressões religiosas. As religiões tem muito a nos dizer e o Brasil é um Estado laico, logo é seu dever garantir que todas as pessoas vivam a sua espiritualidade como quiserem – afirma o bispo.

No final da reunião os participantes escreveram uma carta para a comunidade santa-mariense pedindo que a população promova uma cultura de paz e respeito entre os distintos cultos e práticas religiosas, garantindo políticas públicas que inibam o preconceito e a discriminação. Além de pedir que “se suprima de vez a prática de crimes de ódio com motivação religiosa, especialmente contra as tradições de raiz afro e contra pessoas negras, em razão de sua fé”.

– Santa Maria como cidade do acolhimento, deve transformar-se em lugar onde todas as pessoas sintam-se acolhidas, inclusive através de sua cosmovisão religiosa. Nossa cidade prima pela educação e acolhimento de todos aqueles que passam por aqui em busca de uma formação profissional para atuarem em diversas partes do Brasil e exterior levando consigo um pouco de nossa cultura, assim  sendo é de suma importância e responsabilidade a promoção de ações que desenvolvam um  modelo de sociedade onde o conceito de igualdade seja alicerçada no princípio da universalidade – diz trecho da carta.

Aumento dos casos de intolerância religiosa no Brasil

O II Relatório sobre Intolerância Religiosa: Brasil, América Latina e Caribe, publicação organizada pelo Centro de Articulação de Populações Marginalizadas e pelo Observatório das Liberdades Religiosas, com apoio da Representação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil, aponta aumento dos casos de intolerância religiosa no país.

Segundo dados do portal Disque 100, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, foram registrados 477 casos de intolerância religiosa em 2019, 353 casos em 2020 e 966 casos em 2021.

De acordo com o relatório, os estados da Região Sudeste, mais populosos, despontam como os que apresentam o maior número de casos de intolerância religiosa, contrapondo-se aos estados das regiões Norte e Centro-Oeste, que apresentaram menor número de casos.

O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa foi instituído no Brasil, pela Lei Federal nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007, depois da morte da Iyalorixá baiana e fundadora do Ilê Asé Abassá, Gildásia dos Santos e Santos, conhecida como Mãe Gilda. Ela teve a casa e o terreiro invadidos por um grupo de outra religião. Após perseguições e agressões verbais, Mãe Gilda morreu de infarto fulminante.

*Com informações da Agência Brasil

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